Ila Verus
O desmatamento é uma realidade na região amazônica, interferindo no clima da região, agora, além disso, a disseminação de doenças tropicais como a malária, a dengue e a leishmaniose estão diretamente ligadas ao desmatamento da área, que tem sua floresta nativa modificada em locais agrícolas e agroextrativistas. Os dados são de um estudo brasileiro que envolve diversas universidades e institutos, como o Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais) e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Os pesquisadores analisaram os dados do Ministério da Saúde relacionados às chamadas doenças tropicais, além de dados de desmatamento e da forma como a economia da Amazônia se organiza.
A destruição de áreas verdes pode interferir diretamente no aumento de doenças como malária e dengue é o que explica o gestor em Saúde Coletiva do Núcleo de Doenças de Transmissão Vetorial de Rio Branco, Júnior Pinheiro, “vários estudos apontam que o desmatamento está diretamente relacionado com o aumento de casos de doenças tropicais, a exemplo da malária que é uma das doenças de alta incidência em nosso estado”, disse.
O aumento das doenças se explica pelo fato do desmatamento destruir grandes extensões de áreas verdes que resultam no deslocamento das espécies para a cidade, que buscam lugares com áreas alagadiças propícias para a proliferação, destaca o Gestor em Saúde Coletiva.
“Com a destruição de mesmo que uma pequena área de floresta ocorre um descontrole ambiental naquela localidade, e muitas espécies vetoriais deixam de ter seus predadores naturais, causando alteração em sua abundância. E com um clima mais quente e úmido os mosquitos encontram um ambiente mais propício para sua proliferação, o que se torna muito perigoso, pois temos doenças de ocorrência urbana que representam um risco elevado de se tornarem epidemias, como as doenças transmitidas pelo Aedes (Dengue, Zika e Chikungunya)”, disse Pinheiro.
Há vários momentos em que há o risco de infeção da de doenças em áreas tropicais, “em área rural, o desmatamento, seja para a retirada e venda de madeira, formação de pastos, agricultura, dentre outros, acaba fazendo com que o risco de adoecimento do homem não esteja relacionado somente ao momento em que este adentra na floresta para realizar a derrubada de árvores, mas também quando faz uso dessa área devastada”, explica Júnior Pinheiro.
A situação é uma consequência da destruição do habitat natural do vetor que entra no processo de migração e o que era uma doença mais relacionada ao meio rural migra para áreas periurbanas, aumentando o risco de surtos devido a essas áreas terem uma população humana suscetível maior, segundo o gestor em saúde coletiva da capital acreana.
Dentre os vetores que apresentam grande importância no estado do Acre , estão o Aedes aegypti (transmissor da Dengue, Zika e Chikungunyia) na zona urbana, o Anopheles (causador da Malária), o Flebotomineo (causador da Leishmaniose) e o Triatomíneo (causador da Doença de Chagas), ambos mais relacionados à transmissão em área rural, podendo ocorrer também em área periurbana.
A dengue é registrada principalmente em locais em que restam poucas áreas florestais e que tem culturas agropecuárias. Já a malária se concentra em locais em que ainda existem muitas áreas florestais, mas onde a cultura agroextrativista é dominante.