Da redação do Planeta Amazônia
Após a queda registrada no auge da pandemia de Covid-19, o boletim da Organização Meteorológica Mundial, divulgado no dia 01 de novembro, aponta que a concentração de dióxido de carbono na atmosfera aumentou de 2020 para 2021. O nível de CO2, o gás de efeito estufa mais importante, já é 149% maior do que na era pré-industrial, principalmente por causa das emissões da combustão de combustíveis fósseis.
No caso do metano, o segundo maior contribuinte para as mudanças climáticas, o salto na concentração em relação a 2020 é o maior desde o início das medições sistemáticas, há quatro décadas. Já o aumento do óxido nitroso de 2020 para 2021 também foi superior à taxa média de crescimento anual dos últimos 10 anos.
De 1990 a 2021, o efeito de aquecimento do clima por gases de efeito estufa de longa duração aumentou quase 50%, com o dióxido de carbono respondendo por cerca de 80% desse aumento.
“Estamos no caminho errado. As mudanças necessárias são economicamente acessíveis e tecnicamente possíveis, mas o tempo está se esgotando”, disse o secretário geral da WMO (na sigla em inglês), Petteri Taalas.
“Como prioridade máxima e mais urgente, temos que reduzir as emissões de dióxido de carbono, que são o principal motor das mudanças climáticas e condições climáticas extremas, e que afetarão o clima por milhares de anos por meio da perda de gelo polar, do aquecimento dos oceanos e do aumento do nível do mar.”
O Brasil emitiu 2,42 bilhões de toneladas brutas de gás carbônico (CO2) equivalente, um aumento de 12,2% em relação a 2020. Isso representa a maior alta em quase duas décadas. O crescimento em 2021 ocorreu em quase todos os setores da economia e foi puxado por desmatamento, energia e agropecuária. O desmatamento na Amazônia respondeu por 77% das emissões por mudanças de uso da terra em 2021. O Brasil vem batendo recordes de desmatamento nos últimos anos. A taxa de desmatamento em 2021 na Amazônia Legal foi de 13.038 km².
“O Brasil tem as ferramentas de política pública, a tecnologia e os recursos para mudar sua trajetória, mas é preciso que o governo e a sociedade entendam que isso é fundamental para dar segurança à população em tempos de eventos extremos acelerados e também para alavancar a economia”, afirmou Tasso Azevedo, coordenador do SEEG – Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima.