Da redação do Planeta Amazônia
A agência climática das Nações Unidas publicou nesta sexta-feira um esboço do texto de negociação do acordo que os delegados da cúpula da COP27 em Sharm el-Sheikh esperam alcançar nos próximos dias.
O texto, que se baseia em iterações anteriores menos formais, não estabeleceu a solução proposta para uma das questões mais controversas da cúpula, os acordos financeiros de “perdas e danos” para fornecer financiamento a países em desenvolvimento que sofrem eventos climáticos catastróficos.
Diante do impasse, as negociações da conferência das Nações Unidas sobre mudança do clima, previstas para terminar nesta sexta-feira no Egito, foram prorrogadas até sábado.
O texto diz que a conferência: “Reafirma a meta de temperatura do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais e buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais”.
Compensar os países que emitem menos gases do efeito estufa, mas que sofrem as consequências de fenômenos meteorológicos extremos, é uma antiga aspiração dos países mais vulneráveis e que foi citada no rascunho do documento final da COP27. Mas determinar quais países poderiam receber a ajuda rápida, e quem deve contribuir, é objeto de negociações é o entrave.
A União Europeia (UE) propôs a criação de um “Fundo de Resposta” para os países mais vulneráveis. O vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, pediu a “ampliação da base de doadores”, uma referência à China, o principal emissor de gases do efeito estufa e segunda maior potência econômica do planeta.
O representante chinês na sessão plenária, Zhao Yingmin, se limitou a pedir que Acordo de Paris “não seja reescrito”. O acordo histórico de 2015 estabeleceu as bases do atual compromisso contra a mudança climática, mas recordou que responsabilidade é comum, embora diferenciada, ou seja, que os países desenvolvidos devem contribuir muito mais com base em seu histórico de emissões e uso de recursos naturais.
Promessas não cumpridas
Há também uma desconfiança considerável pelas promessas não cumpridas do passado.
Em 2009, os países desenvolvidos prometeram que desembolsariam a partir de 2020 a quantia de 100 bilhões por ano para ajudar na adaptação dos países pobres às mudanças climáticas e na redução de suas emissões, ao mesmo tempo que iniciavam a transição energética.
O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, recordou na quinta-feira em sua visita à COP27 que esta quantia ainda não distribuída em sua totalidade. E a quantia de 100 bilhões de dólares deve ser aumentada, a princípio, a partir de 2025.
No rascunho de documento final distribuído pela presidência egípcia, a proposta é deixar o tema para a COP29, que acontecerá em novembro de 2024.
“Há notícias positivas, mas ao mesmo tempo restam muitos pontos de vista divergentes”, declarou o representante paquistanês, Nabeel Munir, em nome do G77, o maior grupo de países em desenvolvimento.
“Existe claramente uma falta de confiança entre Norte e Sul”, advertiu o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.