A Terra, depois Marte, depois …

Alejandro Fonseca Duarte
professor da Universidade Federal do Acre
Pesquisador em Clima e Ambiente da Amazônia

Nestes dias de novembro de 2022, uma evidente demonstração de combate ao aquecimento global acontece com a participação popular, de cientistas e de dirigentes governamentais na COP27. É uma ação da sociedade humana pela sobrevivência.
Antes do início da série de Conferências das Partes, uma longa história de diferentes tipos de manifestações alertava sobre o aquecimento global. O sueco Svante Arrhenius publicou em 1896 um genial estudo sobre a influência do conteúdo de dióxido de carbono na atmosfera sobre a temperatura da superfície terrestre e antes dele o francês Jean-Baptiste Joseph Fourier iniciou as pesquisas sobre a, atualmente chamada, ciência do aquecimento global.

São 195 anos de estudos sobre aquecimento do planeta. A Revolução Industrial ficou consolidada na Europa e Estados Unidos entre 1760 e 1840, mais ou menos há 182 anos. Significa que a história do capitalismo se confunde com a história da destruição acelerada da Terra. No solo se adverte a presença de carbono produzido pela atividade humana a partir de 1850, assim, essa data está sendo proposta como o início de uma nova época geológica chamada de Antropoceno. Grande demais é o impacto gigantesco da civilização humana sobre a natureza, visto como: perda acentuada da biodiversidade e extinção de espécies; mudança da concentração de dióxido de carbono na atmosfera, de 180 partes por milhão (ppm) antes da Revolução Industrial para 420 ppm em 2022; ocorrência de eventos meteorológicos extremos de calor, de frio, de enchentes e suas consequências tais como queimadas incontroláveis de bosques, desbarrancamentos que soterram pessoas, correntezas destruidoras de cidades, cultivos e bens.

Alguns falaram, em um dado momento, que as mudanças climáticas eram “democráticas” querendo dizer que afetavam e afetariam tanto pobres quanto ricos, … mas Xibom Bombom. Não é isso que se observa: nem prevenção, nem adaptação, nem recuperação tem se mostrado eficientes, nem são as formas que solucionariam o problema. Na mesma direção das COPs e do Painel Intergovernamental de Mudança Climáticas (IPCC), também a Organização das Nações Unidas gerou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como um compromisso de todos os países do mundo para implementação até o ano de 2030. São: 1. Erradicação da pobreza; 2. Fome zero e agricultura sustentável; 3. Saúde e bem-estar; 4. Educação de qualidade; 5. Igualdade de Gênero; 6. Água potável e saneamento; 7. Energia limpa e acessível; 8. Trabalho decente e crescimento econômico; 9. Indústria, inovação e infraestrutura; 10. Redução das desigualdades; 11. Cidades e comunidades sustentáveis; 12. Consumo e produção responsáveis; 13. Ação contra a mudança global do clima; 14. Vida na água; 15. Vida terrestre; 16. Paz, justiça e instituições eficazes; 17. Parcerias e meios de implementação.

Esperemos para avaliar o não-cumprimento dessas metas! É fácil ver que a humanidade está urgida a solucionar problemas que ela mesma criou, ou melhor dizer, que uns criaram para os outros, e que pela lógica dos criadores certamente não haverá solução. Pelo que se escuta criarão novos problemas em Marte.

Foto: Morador observa avanço de incêndio em Linhares, Portugal, em 11 de agosto de 2022 – AFP

By emprezaz

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