Cassandra Castro
A ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, acompanhada do ministro de Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e de representantes de outros ministérios, além de órgãos como o Ibama, ICMBio e Inpe, falou sobre as ações integradas do governo federal junto ao Amazonas para combater e mitigar as ocorrências de incêndios florestais e outras consequências da estiagem no estado.
De acordo com Marina, as ações estão sendo realizadas em várias frentes como a questão humanitária, de saúde e também de medidas como a dragagem de rios para melhorar a trafegabilidade prejudicada pela estiagem severa registrada na região norte.
A ministra enfatizou o cenário grave enfrentado pelo Amazonas. “É uma situação de extrema gravidade com o cruzamento de 3 fatores:a Mudança do clima, o El Niño, e o ateamento de fogo em propriedades particulares e áreas públicas de forma criminosa”.
“ A determinação do presidente Lula é que possamos agir em parceria com os governos dentro do que for necessário. Nós não tínhamos este planejamento no governo anterior. Mesmo com uma redução de 64% no Amazonas do desmatamento, nós ainda temos uma situação de extrema dificuldade.” O principal vetor das queimadas é o desmatamento, não existe fogo natural na Amazônia”, afirmou Marina Silva.
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, fez um apanhado da situação enfrentada no Amazonas e destacou o trabalho incansável das equipes do órgão, bem como do ICMBio, do Inpe e demais instituições que estão mobilizadas para combater as queimadas ilegais na região. Ele explicou que o aquecimento que está acontecendo no globo ocorre de uma maneira muito rápida, algo nunca visto antes e que a tendência de risco de fogo é um problema muito grande e global.
Em relação ao Amazonas, Agostinho apresentou dados para dá um panorama da atual situação. 73,5% dos focos de incêndio no estado ocorreram em áreas já desmatadas e 55% em áreas recém-desmatadas. O que está trazendo uma preocupação maior aos técnicos e profissionais que atuam no combate às queimadas é que estão sendo detectado fogo em áreas de floresta, um registro que aumenta os riscos dos incêndios saírem de controle.
De acordo com o presidente do Ibama, o agravamento do problema dos incêndios teve início em julho. As maiores ocorrências estão concentradas nos municípios do sul do Amazonas, como Apuí, Lábrea, Humaitá, Manicoré, ao longo da BR-319 e no entorno de Manaus, principalmente em municípios da Região Metropolitana.
Rodrigo Agostinho também anunciou o reforço no número de brigadistas atuando no Amazonas a partir desta sexta-feira, 13 e de segunda, 16, com a ida de 149 brigadistas do Ibama e do ICMBio, além de reforço de estrutura e equipamentos para o trabalho.
Tanto o presidente do Ibama quanto a ministra do meio ambiente e mudança climática, reforçaram a importância da realização de uma campanha de utilidade pública junto às pessoas para que haja uma conscientização com o objetivo de diminuir a prática de uso do fogo para limpeza de terreno, num momento em que a estiagem só mostra um cenário cada vez mais delicado e crítico, o uso do fogo com esta finalidade só piora a situação.
O ministro Waldez Góes enfatizou o trabalho coordenado entre os diversos ministérios como o da Saúde, o de Cidades, da Defesa e disse que o governo federal aguarda o envio dos planos de trabalho dos municípios do Amazonas para que sejam definidos os recursos a serem utilizados nas ações de ajuda humanitária. “ Acreditamos que 60 municípios vão entrar em situação de emergência no Amazonas. No Acre, já temos 22, Rondônia começa a sentir também o problema. Nesta próxima semana, com o trabalho de mobilização, teremos 55 planos de ajuda humanitária”, destacou Góes.
Nas primeiras reuniões com os prefeitos houve um alinhamento dos produtos básicos para este primeiro plano de ajuda humanitária: alimentação , material de higiene pessoal, água e combustível.
Na segunda-feira, 16, a ministra da saúde, Nísia Trindade, estará em Manaus para participar de uma reunião com o objetivo de alinhar as ações relacionadas à saúde dos moradores dos municípios afetados, inclusive a capital, Manaus, que registrou essa semana, uma forte presença de fumaça e qualidade do ar com níveis muito ruins.
A ministra Marina afirmou também, durante a coletiva, que o Brasil está vivendo uma situação de emergência climática. “ Nós não estamos vivendo mais as regularidades climáticas com as quais nós convivíamos . Este prognóstico foi feito há 30 anos e infelizmente, ele chegou. A atitude correta é atacar as causas. Enfrentar o desmatamento e mudar o modelo de desenvolvimento”.