Além de Sonia, o pesquisador Tulio de Oliveira passou a compor a cobiçada lista.
A Amazônia e tudo que se fala sobre ela tem repercutido internacionalmente. Não é a toa que a ativista Sonia Guajajara tem se destacado. Ela e o pesquisador Tulio de Oliveira são os dois brasileiros que integram a nova lista das cem pessoas mais influentes do mundo feita pela revista Time.
A Time divulgou a lista nesta segunda-feira (23), na qual também entraram nomes como os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, além do líder do Chile, Gabriel Boric, que assumiu o governo do país há dois meses com apenas 36 anos.
Atual coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil pela Amazônia (Apib), a líder indígena Sonia Guajajara foi candidata a vice-presidente pelo PSOL em 2018.
Já Tulio de Oliveira foi o responsável por sequenciar a variante ômicron do coronavírus na África do Sul. Ele foi um dos primeiros a alertar para a gravidade da nova cepa. Diretor do Centro para Respostas e Inovação em Epidemias (CERI) na África do Sul, onde vive desde 1997, ele ganhou destaque ao chefiar uma das equipes envolvidas na descoberta da variante ômicron do coronavírus no país e por compartilhou os dados com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Mais sobre Sônia Guajajara
Sônia é do povo Guajajara/Tentehar, que habita nas matas da Terra Indígena Araribóia, no estado do Maranhão, Brasil. Nascida em 1974, filha de pais analfabetos, deixou suas origens pela primeira vez aos 15 anos, quando recebeu ajuda da Funai para cursar o ensino médio em Minas Gerais. Depois, voltou para o Maranhão, onde se formou em Letras e Enfermagem e fez pós-graduação em Educação Especial.
Sua militância indígena e ambiental começou ainda na juventude, nos movimentos de base, e logo chegou ao Congresso Nacional – onde Sônia Guajajara foi linha de frente contra uma série de projetos que retiravam direitos e ameaçavam os povos indígenas e o meio ambiente. Em poucos anos, ela ganhou projeção internacional pela luta travada em nome dos direitos dos povos originários.
Em 2010, ela entregou o prêmio Motosserra de Ouro para Kátia Abreu, à época ministra da Agricultura, em protesto contra as alterações do Código Florestal. Tem voz no Conselho de Direitos Humanos da ONU e há dez anos leva denúncias às Conferências Mundiais do Clima (COP) de 2009 a 2019 além do Parlamento Europeu, entre outros órgãos e instâncias internacionais.
Sônia Guajajara já recebeu vários prêmios e honrarias, como o Prêmio Ordem do Mérito Cultural 2015 do Ministério da Cultura, entregue pela então presidenta Dilma Rousseff.
Também foi agraciada com a Medalha 18 de Janeiro pelo Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Padre Josimo, em 2015, e com a Medalha Honra ao Mérito do Governo do Estado do Maranhão, pela grande articulação com os órgãos governamentais no período das queimadas na Terra Indígena Arariboia.
Em 2018 ela foi a primeira indígena a compor uma chapa presidencial e segue articulando a participação e o protagonismo das mulheres indígenas em várias frentes de luta.
No ano 2019 recebeu da Organização Movimento Humanos Direitos o Prêmio João Canuto pelos Direitos Humanos da Amazônia e da Liberdade e ainda em 2019 recebeu o prêmio Packard concedido pela Comissão Mundial de áreas protegidas da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN).
Sônia Guajajara nasceu Sônia Bone e sua trajetória como mulher indígena, guerreira, seguindo na luta pelo meio ambiente e pelos povos originários a fez mundialmente conhecida como Sonia Guajajara o nome de seu povo que carrega com muito orgulho.
Hoje ela faz parte da Coordenação Executiva da Articulação dos povos indígenas do Brasil (APIB), terminando o segundo mandato (2013/2017) (2017/2021). E ainda compõe o Conselho da Iniciativa Inter-religiosa pelas /Florestas Tropicais do Brasil, uma iniciativa que faz parte de um Programa das Nações Unidas.