Mais de 30 fábricas da Zona Franca de Manaus decidem antecipar férias coletivas devido à forte seca no Amazonas

Redação Planeta Amazônia

As dificuldades de navegação nos rios da Amazônia têm complicado a chegada de insumos para as fábricas do Polo Industrial de Manaus. De acordo com a Associação Brasileira dos Armadores de Cabotam (Abac), a crise hídrica da região vem paralisando as operações desde meados de setembro.

O período de férias coletivas geralmente ocorre no início de dezembro, mas este ano, será antecipado para a próxima segunda-feira, 30, e deve durar de cinco a 20 dias. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Valdemir Santana, vão parar de 15 mil a 17 mil profissionais.

Para Lúcio Flávio Morais de Oliveira, presidente executivo do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM), a maioria das empresas estava preparada para antecipar a entrega de estoques, passando a usar outro modal, não a cabotagem.

Apesar da parada técnica do polo industrial de Manaus, tanto o Sindicato dos Metalúrgicos quanto o CIEAM afirmam que não haverá problema para o abastecimento de produtos para a Black Friday e o Natal.

A estiagem severa que atinge o norte do país ganhou um componente a mais: a falta de chuvas acelerada pelos impactos do El Niño. Em geral, a seca começa em outubro, mas este ano afetou operações de transporte fluvial desde setembro.

De acordo com a Abac, para o abastecimento do centro logístico em Manaus, o problema maior, por enquanto, acontece na enseada do Rio Madeira.

Navio leva insumos para empresas da Zona Franca

No último sábado, 21, uma operação complexa e demorada permitiu que um navio chegasse até Manaus com 140 contêineres abastecidos com insumos para as fábricas da Zona Franca.

Devido ao baixo nível dos rios do Amazonas, o navio atracou no Super Terminais, terminal portuário privado em Manaus, com 10% da sua capacidade, o que representa a mesma quantidade de carga que as balsas conseguem transportar, com o diferencial da maior celeridade no trajeto. Este é o primeiro navio que o Super Terminais recebe desde o final de setembro.
 

Oriundo de Vila do Conde, o navio Izmir tem 157 metros e calado de 5,8 metros. Essas características permitiram que a embarcação acessasse a região de Manaus com os insumos necessários para o Estado do Amazonas. A operação complexa para chegada do navio no Super Terminais foi possível graças ao esforço de diversos atores da cadeia logística que se empenham para trazer a embarcação em meio à seca histórica e amenizar a situação crítica que se encontra a indústria amazonense.
 

“Diante da grande necessidade e condição emergencial que estamos passando, a chegada deste navio torna-se histórica. Foi um trabalho árduo, de muitos dias, mas junto com a MSC conseguimos fazer esta embarcação chegar a Manaus com as condições necessárias para atender nossa linha”, afirma Anibal Simões Lima, gerente operacional do Super Terminais.
 

De acordo com Lima, os navios são mais vantajosos em relação às balsas para o transporte de mercadorias devido a maior celeridade e segurança do transporte. “São necessárias em média 10 balsas para trazer a carga transportada em um navio, em condições normais. No caso do Izmir, mesmo carregado com apenas 10% da sua capacidade, ele se tornou bem mais rápido e seguro para trazer os insumos para a Zona Franca”, explica.
 

A expectativa é a de que nos próximos dias, a situação de transporte de cargas em Manaus comece a melhorar. “Conseguimos desviar a rota deste navio e trazê-lo para Manaus. Tivemos a sorte de o Rio Madeira não estar baixando nos últimos dias. Acreditamos que até os próximos 20 dias o rio esteja subindo novamente e situação comece a melhorar”, afirma Paulo Bernardes, da praticagem de Manaus.

By emprezaz

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Postagens relacionadas