Mudanças Climáticas já afetam rotina de moradores da Amazônia, aponta levantamento

Redação Planeta Amazônia

Um estudo inédito realizado pela Umane e pela Vital Strategies, com apoio do Instituto Devive, revela que os efeitos das mudanças climáticas já atingem diretamente a população da Amazônia Legal. Segundo o levantamento, 32% dos moradores enfrentam impactos concretos no dia a dia, como dificuldade de acesso à água potável, perdas na produção de alimentos e aumento da frequência de eventos extremos, como ondas de calor e períodos de seca. Entre povos e comunidades tradicionais, como indígenas e ribeirinhos, esse índice chega a 42%.

Embora ações de mitigação, como reflorestamento e redução de emissões, sejam importantes, seus efeitos levam tempo para se consolidar. Por isso, especialistas destacam a urgência de investir em resiliência climática, ferramenta que protege vidas, reduz desigualdades e prepara comunidades para lidar com os desafios atuais e futuros.

Para Daniel Grynberg, diretor executivo do Grupo +Unidos, os dados reforçam a necessidade de ações imediatas. “Quando vemos como a população já está sentindo os efeitos do clima, fica claro que não dá para esperar. A resiliência climática é sobre agir agora, criar soluções para que comunidades consigam se proteger, se organizar e enfrentar os desafios que já estão acontecendo, enquanto as ações de longo prazo começam a dar resultado”, afirma.

“Não dá para esperar”, alerta Daniel Grynberg, sobre os efeitos das mudanças climáticas na Amazônia/foto: Divulgação

O levantamento detalha os principais impactos percebidos pela população. Entre os entrevistados, 82,4% relataram aumento da temperatura média, 83,4% notaram elevação na conta de energia elétrica e 75% perceberam piora na qualidade do ar. Cerca de dois terços enfrentaram ondas de calor nos últimos dois anos, enquanto quase 30% relataram secas prolongadas ou incêndios florestais. Entre comunidades tradicionais, 24,1% perceberam piora na qualidade da água e 21,4% tiveram dificuldades na produção de alimentos.

O estudo também mostra que nove em cada dez moradores da Amazônia reconhecem que o planeta já vive um aquecimento global e que metade da população mudou hábitos para reduzir impactos, como separar lixo para reciclagem. Ao mesmo tempo, evidencia a vulnerabilidade de quem depende exclusivamente do SUS para atendimento de saúde, reforçando a necessidade de colocar a resiliência climática no centro da agenda pública, especialmente diante da frequência crescente de eventos extremos.

“É nessa combinação entre adaptação, educação e oportunidades que surgem respostas duradouras para a crise climática”, complementa Grynberg.

By emprezaz

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