Municípios que mais desmatam na região amazônica apresentam os piores índices de desenvolvimento social

Ila Verus

O desmatamento não é uma causa nociva somente ao clima de uma região. Com base em uma pesquisa científica publicada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) realizada em 772 municípios da Amazônia Legal, agora ele também é um indicador que vai exercer influência no baixo desenvolvimento e nas condições de vida de um local.

O estudo que avaliou os dados do Índice de Progresso Social (IPS) revelou um cenário insuficiente de desenvolvimento social nos municípios amazônicos, onde a média da região é 16% menor que a nacional, e o panorama se mostra ainda pior para os locais que possuem maiores taxas de desmatamento.

IPS é um índice que coloca as pessoas no centro da análise, tendo o propósito de desenvolver medidas de desenvolvimento socioeconômicas das nações. Sendo uma análise de prestígio internacional criado em 2013 para calcular a partir de outros indicadores padrões do progresso social da população, avaliando três alicerces bases compostos pelas necessidades humanas básicas, o bem-estar e as oportunidades. Essas medidas de analise vão gerar uma nota de 0 a 100.

O Imazon, no Brasil lidera a publicação de dados da Amazônia Legal, desse modo o critério de análise do IPS da região amazônica reuniu 45 indicadores, que incluem áreas como saneamento, moradia, segurança, educação, comunicação, equidade de gênero e qualidade do meio ambiente. E desde 2021 os dados já revelaram que o desmatamento é um problema que vai afetar no desenvolvimento social na Amazônia.

FOTO: FLORIAN PLAUCHEUR (AFP)

Segundo o estudo, os 20 municípios da Amazônia Legal que possuem as maiores taxas de desmatamento são os que tiveram os menores índices, sendo o IPS médio de 52,38, valor 21% menor comparado a indicadores brasileiros, 63,29, que é um número mais baixo que o da Amazônia, de 54,59.

Entre os 20 municípios com mais devastação das matas, encontra-se em primeiro lugar Pacajá, no Pará, apresentado o menor progresso social e o segundo pior de toda a Amazônia: 44,34. Os índices críticos da cidade de 50 mil habitantes estão diretamente relacionados aos 690 km² de matas derrubadas entre os anos de 2018 e 2020, segundo o Inpe (Prodes). Esses dados alarmantes levam a cidade a ocupar a sétima posição no ranking dos lugares que mais devastaram a floresta no período.

Cidade de Pacajá lidera desmatamento na Amazônia

Na lista ainda estão outros municípios que mais desmatam com indicadores críticos, não alcançando a marca de 50 ponto no IPS, colocando-os entre as 70 piores entre todos os 772 municípios da Amazônia Legal. São eles: Portel (PA), Apuí (AM), Senador José Porfírio (PA), Novo Repartimento (PA), Uruará (PA) e Anapu (PA). Os dois municípios líderes no ranking do desmatamento, Altamira e São Félix do Xingu, ambos paraenses, tiveram IPS de 52,95 e 52,94, respectivamente, também abaixo das médias da Amazônia Legal e do Brasil.

Entre esses municípios, 15 deles estão associados a graves problemas ambientais como a destruição da floresta, o garimpo ilegal, a extração ilegal de madeira e conflitos sociais, que correspondem as regiões de Jacareacanga, Nova Ipixuna, Nova Conceição do Piriá e Pau D’Arco, sendo todas essas cidades pertencentes ao estado do Pará, onde esse encontra o Parque Nacional da Amazonia, uma área de extensa faixa de proteção ambiental, abrigando milhares de espécies selvagens.

Analisando os noves estados que compõem os estados da Amazônia Legal, todos apresentam o índice de progresso social menor em comparação aos dados do nacional, sendo apenas três regiões que superam:  Mato Grosso (57,94), Rondônia (57,20) e Amapá (54,96).

Colocando os dados do IPS dos 20 municípios da Amazonia que mais desmatam em um analise de comparação em um ranking mundial como um país, tendo o progresso social médio de 52,38 sua posição mais semelhante que ocuparia seria ao país africano conhecido como o gigante do continente, a Nigeria, que possui uma grande população, tem o IPS de 52,65, ocupando a 138ª posição entre 168 nações, o que a coloca na 30ª pior colocação.

Desmatamento na Amazonia

O desmatamento na Amazonia nos últimos anos vem avançando, segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, que monitora a floresta por imagens de satélite desde 2008.

Foram divulgados que o período de janeiro e outubro de 2022, a área desmatada na Amazônia Legal foi de 9.696 km², cerca de 0,5% a menos que os 9.742 km² registrados em 2021. A área corresponde aproximadamente 80 campos de futebol.

Foto de destaque:

Dida Sampaio/AE

By emprezaz

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