Redação Planeta Amazônia
Colaboradores do Programa de Manejo de Agroecossistemas, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá( IDSM) juntamente com indígenas, implantaram uma área de horta agroecológica com foco em produção de hortaliças regionais e também realizaram práticas de manejo de abelhas sem ferrão.
As atividades aconteceram na Aldeia Miratu, terra indígena Miratu, localizada no município de Uarini, interior do Amazonas. A oficina prática contou com a participação de homens e mulheres de várias idades.
A ação faz parte do projeto “Fortalecimento da bioeconomia por meio da estruturação das cadeias produtivas e de valor da agricultura familiar e das suas redes de agroecologia no Amazonas” e visa incentivar o desenvolvimento de práticas de produção agroecológica na região de Uarini. A agroecologia tem como base práticas sustentáveis de produção, com a finalidade de fortalecer a produção agroecológica e diversificação produtiva de alimentos regionais por meio do incentivo à agricultura familiar. As atividades da oficina contemplaram discussões, dinâmicas e práticas sobre planejamento e implantação de hortas agroecológicas e o manejo de abelhas nativas sem ferrão que auxiliam no fortalecimento e manutenção das produções dos sítios, por meio da polinização.
“Foram plantadas pimentas de cheiro, cebolinha, chicória, milho nativo, jerimum, mamão, banana, dentre outros cultivos. Também foram construídas três caixas de abelhas e foi feita a transferência de uma colmeia de abelha para uma caixa racional”, explica Nicolas Calderon, analista do PMA.
Bruce Dickinson, analista do PMA, esclarece que os participantes que compareceram à oficina se mostraram bem abertos para trocar experiências com os técnicos e demais agricultores, o que possibilitou o diálogo e coletividade na tomada de decisões para a construção do sistema agroecológico e demais atividades. “ Além disso, muitos falaram sobre começar o manejo de abelhas nativas sem ferrão em suas propriedades e compartilhar a ideia com os vizinhos, o que pode levar à diminuição do número de pessoas que usam agrotóxicos em seus cultivos na região, conforme mencionou um dos agricultores participantes.”
O fortalecimento de práticas agroecológicas em seus cultivos e as atividades de manejo de abelhas nativas sem ferrão demonstraram ser uma alternativa viável para os agricultores. Futuramente também poderá se tornar uma fonte de renda familiar e contribuir para a sustentabilidade de uso destas áreas, além de incentivar práticas que promovam segurança alimentar e geração de renda.
Alimentação para além das aldeias
A partir do desenvolvimento da horta agroecológica, os indígenas terão maior diversidade de alimentos regionais que podem ser utilizados para o fornecimento nas escolas da região, por meio da participação em chamadas públicas. “Estas chamadas específicas são uma importante política pública para os indígenas e comunidades tradicionais, pois possibilitam a entrega de alimentos nas escolas dentro da própria aldeia ou nas escolas próximas, permitindo o acesso dos estudantes a alimentos regionais frescos e de qualidade”, comenta Fernanda Viana, coordenadora do programa.
Os próximos passos do programa serão direcionados a promover atividades de oficinas e assessoria técnica para apoiar o acesso às políticas públicas da alimentação escolar como ao PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) nas aldeias desta Terra Indígena e na região, além de seguir incentivando, por meio de assessoria técnica e com a realização de oficinas a utilização de práticas produtivas agroecológicas que promovam a segurança alimentar nesta região.
As atividades previstas nesta oficina, foram realizadas pelo IDSM com apoio do projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor, desenvolvido no âmbito da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da parceria entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com apoio do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha.