Pesquisador da Fiocruz alerta que cérebro de fetos yanomami tem 7 vezes mais mercúrio de garimpo que o de adultos

O pesquisador da Fiocruz Paulo Basta concedeu entrevista ao Intercept e revelou como o garimpo reproduz a lógica e os efeitos do processo de colonização dos portugueses.

O pesquisador da Fiocruz Paulo Basta revelou para a repórter Nayara Felizardo, como o mercúrio afeta principalmente as gestantes e as crianças Yanomami desde o útero. “Há estudos que indicam que a concentração de mercúrio no cérebro do feto é de cinco a sete vezes maior do que no cérebro do adulto”, disse o pesquisador.

De acordo com a entrevista, as consequências duram a vida toda, fazendo com que a criança “não se torne um adulto com pleno potencial de desenvolvimento”.Além de contaminar rios e pessoas, o garimpo destrói florestas, afetando a disponibilidade das fontes naturais. Segundo o relatório, indígenas sofrem, então, com a restrição ao livre trânsito em suas próprias terras e deixam de “usufruir de áreas utilizadas para a caça, pesca, roça, e da comunicação terrestre e aquática com as comunidades do mesmo conjunto multicomunitário”.

A repórter tomou como base o relatório “Yanomami sob Ataque“, produzido por associações que representam a etnia, não usa meias palavras para descrever a situação do seu povo: o território vive o pior momento de invasão garimpeira desde que foi demarcado, há 30 anos.

De acordo com a publicação, nos cálculos do Mapbiomas, de 2016 a 2020, o garimpo em terras Yanomami cresceu 3.350%. A maior parte da área destruída está concentrada nas calhas dos rios Uraricoera e Mucajaí, na região de Waikás, em Roraima. Era onde ficava a aldeia Aracaçá, cuja população de aproximadamente 20 indígenas desapareceu após denúncias de violência praticada pelos garimpeiros. Foi lá também que, em 2014, a equipe de pesquisadores liderada pelo médico Paulo Basta, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, identificou o maior índice de contaminação de indígenas por mercúrio.

Saiba mais

O metal pesado é usado no garimpo pois funciona como uma espécie de ímã: ele une os pequenos pedaços de ouro, tornando-os mais visíveis e fáceis de separar. O problema é que, para produzir um quilo de ouro, os garimpeiros aplicam até oito de mercúrio, e a maior parte desse metal é jogada nos rios. Assim, contamina os peixes, principal fonte de proteína dos Yanomami, e sua cadeia alimentar.

Fonte: @theinterceptbrasil

By emprezaz

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Postagens relacionadas