Da redação do Planeta Amazônia
A BRS Oquira. Está é a nova cultivar de amendoim forrageiro, (Arachis pintoi), uma leguminosa rasteira, apropriada para alimentação animal, principalmente para gado de corte. Rica em proteína e com alta produção de forragem, a tecnologia é alternativa para intensificar a produção de carne e leite e viabilizar uma pecuária a pasto mais sustentável. Os estudos da Embrapa mostraram que, em cultivos adubados e irrigados, o teor de proteína bruta na planta chega a 29%, valor que garante alimento de qualidade para o rebanho e melhora a produtividade animal.
Giselle de Assis, coordenadora do Programa de Melhoramento Genético do Amendoim Forrageiro, da Embrapa Acre, explica que, diferente de outras leguminosas que concentram a proteína nas folhas, o amendoim forrageiro possui elevado teor proteico também nos talos, característica que possibilita uma forragem de alta qualidade. Em experimentos sem adubação e irrigação, a cultivar BRS Oquira apresenta 22% de proteína bruta, teor de fibra em torno de 43% e 68% de digestibilidade de matéria seca (forragem).
“Quando adubada e irrigada, o percentual de proteína na planta pode chegar a 29%, com digestibilidade de 75%, valores semelhantes aos da alfafa (Medicago sativa), uma das leguminosas mais utilizadas no mundo em função da excelência da forragem produzida. Pastagens consorciadas com essa leguminosa fornecem aos animais os nutrientes necessários para a produção de carne ou leite a pasto, aumentam a produtividade do rebanho e ajudam a tornar esses sistemas pecuários mais eficientes e competitivos”, ressalta Assis.
Mais produtividade
Por ser nutritivo e palatável, o amendoim forrageiro pode ser utilizado na dieta de bovinos, equinos e ovinos, sob pastejo direto, em pastos consorciados com gramíneas, em plantios puros que funcionam como bancos de proteína ou fornecido no cocho como forragem verde picada, feno e silagem. A BRS Oquira demonstrou alto desempenho também na produtividade de forragem, em relação a outras cultivares de amendoim forrageiro.
Resultados parciais de estudos em andamento mostram que, enquanto em pastos formados somente com gramíneas os animais engordaram 450 gramas por dia, em pastagens consorciadas com a BRS Oquira o ganho de peso subiu para 566 gramas/animal/dia, um incremento de 25% na produtividade do rebanho.
Maykel Sales, também pesquisador da Embrapa Acre, diz que por meio da associação com bactérias que vivem no solo e se alojam nas suas raízes, a leguminosa captura nitrogênio do ar e o disponibiliza para as plantas.
“Em pastagens consorciadas, implantadas de acordo com recomendações da pesquisa, a planta consegue incorporar até 150 quilos de nitrogênio por hectare/ano, ganho que corresponde a 300 quilos de ureia por hectare/ano. Essa adubação natural, fornecida de forma contínua para a pastagem, aumenta a produção de forragem e a produtividade dos rebanhos, tanto em sistemas pecuários de corte como leiteiros, com redução nos gastos com adubos nitrogenados, como ureia e sulfato de amônio, e nos custos de produção do sistema”, enfatiza o pesquisador.
A BRS Oquira apresenta ainda alta compatibilidade com todas as cultivares de gramíneas dos gêneros Brachiaria, Cynodon e Panicum maximum. Recomendada para cultivo em solos úmidos, de média fertilidade, com texturas variando de argilosa a arenosa, a tecnologia pode ser adotada por pequenos, médios e grandes empreendimentos rurais.
“A formação de pastos consorciados com amendoim forrageiro requer um pouco mais de atenção e planejamento do que pastos puros de capim. Realizar todas as etapas desse processo de acordo com recomendações técnicas é essencial para garantir a eficiência máxima da tecnologia. O esforço do produtor será recompensado no médio e longo prazo, com uma pastagem mais produtiva e persistente, autossuficiente em nitrogênio e com baixo custo de manutenção”, afirma Carlos Maurício Andrade, também pesquisador da Embrapa Acre.
Informações: Assessoria Embrapa/AC