Em outubro do ano passado, os indígenas da etnia Yanomami, em Roraima, sofreram com um surto de malária, verminoses e casos de desnutrição. Foi feita uma licitação para aquisição de remédios que atendessem a essas doenças. Porém, uma investigação da Polícia Federal constatou um suposto desvio de remédios que deveriam ter sido entregues aos indígenas.
Uma operação cumpriu dez mandatos de busca apreensão de medicamentos. O alvo foi a sede do Distrito Sanitário Especial Indígena – DSEI da etnia Yanomami, localizado na cidade de Boa Vista-Roraima. O órgão faz parte da Secretaria de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde.
A empresa responsável pelos medicamentos é a Balme Empreendimentos. O esquema teria conivência com servidores do DSEI para fraudarem documentos, deixando assim de entregar boa parte dos remédios direcionados aos Yanomami.
A Polícia Federal apurou que desses medicamentos comprados, que incluíam 90 tipos diferentes de medicação, menos de um terço foi entregue, sendo o prejuízo calculado de R$ 600 mil para os cofres públicos. Além de causar prejuízo econômico deixou de atender mais de 10 mil crianças Yanomamis que na época necessitavam dos medicamentos.
Diante da falta de suprimentos médicos, segundo o coordenador do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Junior Hekurari Yanomami, não há medicamentos em nenhuma unidade básica de saúde. “O que estou dizendo é que a saúde Yanomami está em colapso total, o povo Yanomami está morrendo”, disse Junior.
A polícia explica que a empresa entregava os medicamentos em pequenas parcelas que eram superfaturadas das verdadeiras quantidades entregadas “ela acabava entregando em quantidades menores e esses medicamentos eram registrados como se, de fato, ela tivesse entregue ali o que havia sido contratado, quando na verdade isso não ocorreu”, conta o delegado Caio Luchini.
O Ministério da Saúde disse que colabora com as investigações. A empresa Balme não se pronunciou sobre o caso.