Redação Planeta Amazônia
Com objetivo de discutir práticas pedagógicas na educação, dentro das Temáticas Étnico-Raciais e Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, a prefeitura de Rio Branco, por meio das secretarias municipais de Educação (SEME) e de Direitos Humanos (SASDH), promoveram um seminário nessa terça-feira (09), no auditório da escola Dom Bosco, voltado aos educadores como forma de serem multiplicadores no ambiente escolar.
A coordenadora da Divisão de Educação e Direitos Humanos da SEME, Keila Barista dos Santos, lamenta que apesar do tema discriminação, principalmente à pessoa negra, ser amplamente difundido na sociedade, o preconceito é latente e infelizmente uma triste realidade mesmo nos dias atuais.
“Porque durante muito tempo na nossa história do Brasil a população negra sempre foi relegada. As consequências da escravidão, acesso de políticas públicas. Então, a população negra no Brasil, ela ainda está lutando por esse reconhecimento dessa igualdade racial que a gente chama e infelizmente, o Brasil ainda é um país racista. É um país que todos os dias na mídia a gente vê relatos de práticas racistas. Infelizmente, essas práticas a gente consegue perceber na sala de aula, que é o que nos deixa mais tristes”.
Já para a diretora da escola municipal Bom Jesus, Irismar Fernandes, afirma que não existe melhor lugar para se discutir o assunto preconceito e igualdade racial que no próprio ambiente escolar e ainda mais quando esse tema é despertado desde a infância.
“É uma luta que nós viemos passando, nós da educação básica, para inserir esse tema no currículo mesmo, para trabalhar em temas transversais. Então, aqui o nosso momento, é tentar sensibilizar mais diretores da importância dessa temática para que haja uma difusão em toda a rede de educação municipal de Rio Branco. Infelizmente, a mulher negra enfrenta algumas limitações, alguns entraves e existe a negra que é a retinta e existe a negra de pele branca, que é ainda uma coisa mais agravante que é a negação da sua condição de pessoa negra, se considerando pessoa branca e acreditando que tem os mesmos privilégios e que, portanto, só a pessoa negra de pele escura precisa encarar os movimentos”.
Jota Conceição, gerente do departamento da promoção da igualdade racial da SASDH, diz que o conhecimento ainda é a melhor arma para acabar com o preconceito e é na escola, quando a criança ainda na prematuridade começa a entender que acima de tudo todos nós somos iguais, sem distinção de raça, cor de pele e religião
“Consideramos que uma educação transformadora, uma educação libertadora, emancipadora, somente por meio desta, é possível desconstruirmos todos os conceitos, preconceitos, consciência distorcida no tocante à população negra. Imagina, nós temos quase 54% de pessoas autodeclaradas pardas ou pretas que formam a comunidade negra. Ao mesmo tempo, ainda somos menorizados por conta de termos a mínima representação nos espaços de poder e de decisões. Isso é preciso mudar, e somente por meio de uma educação repito, transformadora, emancipadora, podemos desconstruir todo esse conceito distorcido acerca da população negra brasileira”.
O seminário Seme em Ação homenageou ainda, grandes personalidades negras tanto no meio da política, como a Ministra do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, Marina Silva, como nos meios de comunicação, representados pela jornalista Glória Maria e também de lutas por direitos humanos e igualdade racial, na figura da vereadora Mariele Franco, assassinada em 14 de março de 2018.