Redação Planeta Amazônia
No último fim de semana, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Acre, Luiz Gonzaga, acompanhado pelo representante da Secretaria de Indústria do Acre, Marcos Moraes, pelo superintendente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) no Acre, Paulo Trindade, e pelo empresário Alejandro Salinas, esteve em Pomata, no Peru. O objetivo da visita foi fortalecer as relações comerciais entre as regiões e retribuir a visita dos representantes peruanos ao Acre, fomentando a demanda por produtos locais a serem exportados diretamente de Puno.
Atualmente, a truta que chega ao Acre percorre mais de 7.500 quilômetros, enquanto a nova rota comercial proposta reduziria essa distância para no máximo 1.100 quilômetros, resultando em um produto mais fresco, barato e de melhor qualidade. A produção média de truta na região de Puno é de mil toneladas por mês, operando com apenas 50% da capacidade total. Grande parte dessa produção é exportada ilegalmente via Bolívia para o Chile, que então reexporta como produto chileno. Em 2018, antes da pandemia, a produção oficial registrada foi de mais de 48 mil toneladas, sem contar o contrabando.
Durante a visita, o deputado Luiz Gonzaga destacou a importância dessas iniciativas bilaterais para a economia do Acre. “Primeiro, temos que organizar nossas EPRs para montar uma estrutura que beneficie essa truta, visando vender não só para o Acre, mas para todo o Brasil. Atualmente, eles estão produzindo metade da sua capacidade e podem produzir muito mais se houver mercado. Estamos convidando-os para participar da nossa Expo Acre, onde poderão apresentar seus produtos à população acreana”, disse Gonzaga.
O presidente também agradeceu todo o apoio e esforço do governador Gladson Cameli. “O governador Gladson Cameli é um entusiasta dessa integração entre o Brasil e o Peru, principalmente com relação a essa relação comercial. Tem um potencial muito grande, o Peru tem muitos produtos que nos interessam, principalmente na área de pescado, frutas e verduras. Muitas coisas do lado do Acre interessam aos peruanos. Hoje, a Dom Porquito, por exemplo, já está exportando suíno, já está exportando frango, já está vendo também a exportação de milho, soja e ração. E o governador Gladson Cameli está na frente de tudo isso”, enfatizou Gonzaga.
Marcos Moraes, representante da Secretaria de Indústria do Acre (SEICT), ressaltou a necessidade de estruturar a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) para atender à nova demanda. “A ZPE está dentro da SEICT, então precisamos organizar para que a ZPE funcione de fato, montando câmaras frigoríficas para armazenar esse pescado. O Acre sozinho não absorve toda essa produção. Rondônia, Mato Grosso, Amazonas, todos são potenciais mercados. Estamos falando de 30 milhões de pessoas na região Norte. Precisamos deixar de comprar peixe de São Paulo, quando temos peixe aqui ao lado. Atualmente, o peixe sai do Peru, vai para a Bolívia, depois para São Paulo, Mato Grosso, e só então volta ao Acre. Precisamos inverter esse fluxo. Estamos a pouco mais de mil quilômetros do Acre, então precisamos trabalhar nisso”, afirmou Moraes.
O empresário Alejandro Salinas enfatizou a importância da relação comercial para ambas as regiões. “A relação é muito importante porque hoje o Peru se abastece de produtos do Canadá e da Argentina, mas pode trazer produtos brasileiros pela Interoceânica. O Brasil, que também se abastece com produtos da Argentina e do Sul, poderia receber produtos dos Andes, a apenas 1.100 quilômetros do Acre. A iniciativa do governo em fomentar essa relação ajuda a agilizar trâmites e burocracias na fronteira. A criação de um ponto de inspeção sanitária para proteína animal na ZPE facilitará muito, permitindo trazer frutos do mar do Pacífico peruano e truta salmonada diretamente para o Acre em menos de dois dias, a um custo cerca de 50% menor do que o praticado atualmente. Esse posto de vigilância na ZPE será fundamental para o desenvolvimento da região do Lago Titicaca e de Puno, assim como para os consumidores do Acre”, comentou Alejandro.
A visita reforça o compromisso do Acre em fortalecer a integração econômica com os países vizinhos, promovendo o desenvolvimento regional e oferecendo produtos de qualidade a preços competitivos.