Cassandra Castro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da abertura da programação de hoje, 13, da 52ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas, encontro que acontece desde sábado, 11. na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. A assembleia reúne cerca de 2 mil líderes indígenas para discutir o tema “Proteção Territorial, Meio Ambiente e Sustentabilidade”. Entre as lideranças, estão representantes dos povos Yanomami, Wai Wai, Yekuana, Wapichana, Macuxi, Sapará, Ingaricó, Taurepang e Patamona.
Lula chegou pela manhã a Roraima e iniciou a agenda oficial visitando uma feira de produtos orgânicos, de artesanato e a exposição de animais criados em terras indígenas. Logo depois, o presidente e comitiva seguiram para a abertura oficial da programação do dia. As boas vindas a Lula e equipe foram dadas pelo coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima, Edinho Batista de Souza. Ele disse que este dia é histórico e simbólico para os povos indígenas e lembrou que a Terra Indígena Raposa Serra do Sol foi homologada por Lula, em 2005.
Outra liderança que também falou durante a cerimônia, foi o líder do povo Yanomami, Davi Kopenawa. Ele disse estar muito feliz e contente, como todos ali presentes. Agradeceu ao presidente e o chamou de corajoso, também elogiando que ele cumpriu a palavra de ir outra vez à Raposa Serra do Sol. Kopenawa também fez apelos ao presidente em relação à retirada de garimpeiros da área indígena. “ Vamos seguir a nossa luta contra os garimpeiros na terra yanomami. Eles estão escondidos, foram para a Venezuela”, disse o líder indígena.
Davi Kopenawa também pediu que fosse reforçada a presença de agente do Ibama e da Força Nacional para fazerem frente aos garimpeiros que ainda estariam na região. Ele também enfatizou a importância de interiorizar o atendimento de saúde aos indígenas. “ Surucucu é lugar onde pousa avião e helicóptero, precisamos chegar nas comunidades onde estão os parentes doentes”. Outra necessidade apontada por Kopenawa é o investimento em equipamentos e medicamentos e a urgência em reforçar os trabalhos na área de saúde com mais médicos, enfermeiros, dentistas e outros parceiros. Ele também alertou para as ameaças que existem no estado vizinho do Amazonas que também registra locais de invasões a terras indígenas.
Promessa de financiamento agrícola
Durante sua fala, Lula fez questão de desmistificar conceitos ligados ao direito à terra, assunto que sempre vem à tona quando estão em jogo os direitos dos povos indígenas: “É sempre importante dizer isso (lembrar quem estava aqui antes da chegada dos exploradores) porque muitas vezes, as pessoas que não querem enxergar , pensam que os indígenas ocuparam a terra que era de alguém. Eles estão apenas brigando para ficar com aquilo que era todo seu e que os invasores, desde 1500 vem tirando o pedaço de terra que pertencia a vocês.”
O presidente também disse ter ficado triste ao saber que os produtores indígenas não têm ajuda do governo para financiar a produção. “Se nós temos dinheiro para financiar empresário, agricultura familiar, grandes proprietários de terra, por que que não existe dinheiro para financiar os povos indígenas na sua produção? Tem alguma coisa errada, ou historiamente por parte do governo ou historicamente, por parte de alguém”. Lula se comprometeu a tratar do assunto no retorno à capital federal: “Prometo que regressando a Brasília, vou tratar disso com muito carinho. Pegamos um país desmontado pelo governo anterior. Vou reunir a Sonia e os companheiros ministros que estão ligados à área de produção para que a gente possa definitivamente colocar vocês dentro de um programa de financiamento da produção agrícola”.
Esta é a segunda visita do presidente ao estado desde que assumiu o mandato, no dia 1º de janeiro. Ele esteve em Boa Vista, no dia 21 de janeiro, quando foi verificar de perto, a situação humanitária enfrentada pelo povo yanomami.