Projeto de Formação Intercultural Diferenciado Indígena já alcançou mais de 2 mil alunos

Ila Verus

Em Feijó, interior do Acre, um dos maiores desafios do projeto Formação Intercultural Diferenciado Indígena, segundo o Assessor Pedagógico da Educação Escolar indígena, Aldeni Nunes de Matos é a distância das aldeias do município, que muitas vezes é de difícil acesso. Algumas é necessário percorrer até 4 dias de barco pra chegar.

No município existem 46 aldeias. Todas foram comtempladas com o projeto de formação de professores. Entre elas, as etnias Huni kui, Shanenawa, Madija e Ashaninka. Em Feijó tem 8 terras indígenas, sendo elas, a Katukina/Kaxinawa, Kaxinawa do seringal curralinho, Kaxinawa de Nova Olinda, Kulina do Igarapé do Pau, Jamianawa/Envira, Kulina do Rio Envira, Kampa e isolados.

Com o projeto já formam beneficiados aproximadamente 195 professores indígenas. “Está sendo uma oportunidade de fortalecer as memórias tradicionais das comunidades indígenas, como a valorização da língua materna, da ciência e de valores embutidos em cada etnia”, garantiu Matos.

Em Tarauacá, também no Acre a realidade não é muito diferente, a distância das aldeias ainda é um fator de peso para a realização do projeto. A assessora pedagógica da educação escolar indígena, em Tarauacá, Edna Luíza Alves Yawanawá, explica que quando a coordenação indígena tem que pegar barco eles precisam encontrar parcerias, já que eles não possuem um barco com motor próprio.

No município de Tarauacá a formação foi feita em dois núcleos indígenas. A primeira a ser comtemplada foi a terra indígena Estirão do Caucho, que contou com 11 aldeias presentes. A segunda foi realizada na terra indígena Rio Gregório, Aldeia Amparo. Cada aldeia tinha um total de 45 professores na mediação do projeto.

“O projeto é importante porque apoia a realização das formações. Além de possibilitar a chegada dos assessores pedagógicos para ajudar no trabalho com os indígenas”, completou Edna Yawanawá.

Formação na terra indígena do Rio Gregório. Foto do arquivo do Programa, em Tarauacá

O projeto Intercultural é uma ação que visa consolidar medidas públicas em educação e gestão ambiental em escolas indígenas. A iniciativa trata-se de um projeto dentro do Subprograma Territórios Indígenas, no âmbito do Programa REM Acre – Fase II. O Programa REM – que significa Redução do Desmatamento e Degradação Florestal – é fruto de cooperação financeira entre os governos do Acre, da Alemanha e Reino Unido, para implementação de projetos voltados para conservação das florestas e cuidados de suas populações.

“Nossa meta eram 132 escolas, e hoje já alcançamos 150. Preservando a ancestralidade e a valorização cultural dos povos indígenas, num espaço pedagógico diferenciado e direcionado aos valores culturais indígenas e na gestão etnoambiental”, explica a coordenadora do REM, Rose Sena.

A iniciativa já beneficiou este ano mais de 2 mil alunos indígenas. Eles têm em mãos materiais didáticos para a formação em formato bilíngue, o que reforça a temática ambiental dos projetos nas escolas.

Arquivo do Programa REM

O projeto atende 31 terras indígenas em 12 cidades do Acre. As ações são desenvolvidas a partir de oficinas pedagógicas realizadas nas diferentes terras indígenas e suas respectivas comunidades educativas.

O Chefe do Departamento de Educação Escolar Indígena da Secretaria de Estado de Cultura e Esportes do Acre, Francisco Charles Fernandes Falcão, afirmou que é preciso buscar fortalecer as ações pedagógica: “a partir da construção dos Projetos Políticos-Pedagógicos com o envolvimento das comunidades educativa, é possível garantir um conjunto de saberes etnoambientais dos povos indígenas”.

By emprezaz

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