‘Rock in Rio 2022’: NAVE se transforma em portal para uma Amazônia contemporânea, pop e plural

No Rock in Rio 2022, a NAVE transborda as fronteiras da Cidade do Rock e traz a Amazôniapara o Rio de Janeiro. Depois de um lançamento emblemático, que vestiu o Rio de Janeiro com projeções mapeadas que provocaram reflexões sobre a região, a NAVE transborda novamente as fronteiras e se prepara para mais um mergulho intenso na cultura amazônica.

Sob a liderança do Coletivo Criativo NAVE, que tem direção da artista visual paraense Roberta Carvalho, cenografia da artista carioca Daniela Thomas, argumento da contadora de histórias acreana Karla Martins e direção musical da cantora e multiartista paraense Aíla, a atração apresenta aos fãs do festival, a partir de experiências artísticas envolventes, uma Amazônia pouco conhecida do grande público — contemporânea, diversa, multicolorida e pop.

Foto: divulgação 

A direção musical da NAVE é da cantora e multiartista paraense Aíla | Foto: JR Franch

“A NAVE é um projeto histórico por si só porque isso nunca aconteceu, ainda mais no maior festival de música do mundo. Pela primeira vez, artistas da música, das artes visuais, da performance, ativistas, povos originários de todos os 9 estados da Amazônia estarão ali falando de Amazônia e que de fato são amazônidas, o que a gente não costuma ver nos projetos”, comenta Aíla. 

“Muitas homenagens à Amazônia, mas a gente não vê os artistas da Amazônia presentes nas grandes premiações e eventos de música. A NAVE é uma plataforma que se abre para que outras conexões sejam criadas e para que artistas da própria Amazônia se conheçam também”, conta Aíla. 

Foto: divulgação 

O projeto é uma co-criação entre o Rock in Rio e a Natura, que traz temas mobilizadores para a construção de um futuro regenerador. Para este ano, o festival ganha uma experiência imersiva pensada para que o público possa sentir e se aproximar de uma Amazônia contemporânea, que inspira, transborda arte e cultura, é plural, feminina, fala em primeira pessoa, é ancestral e periférica.

Aíla conta que o cerne da NAVE é uma vídeo-experiência que foi feita com obras de artistas visuais, com falas de ativistas amazônidas e tem uma trilha super múltipla que passeia por vários ritmos da Amazônia. Além dessa experiência que se repete várias vezes durante o dia, vão rolar apresentações de música ao vivo, em cima do barco-aparelhagem, com encontros inéditos a cada dia com, além das apresentações feitas especialmente para serem projetadas nas telas 360 do espaço.

Foto: divulgação 

Foi a partir de um processo de criação com duração de mais de dois anos e participação de vários protagonistas da cultura Amazônica que deram vida ao projeto. A NAVE pretende desconstruir o estereótipo reducionista da Amazônia e construir novos olhares empáticos sobre a potência da região. Vão rolar experiências imersivas e grandiosas que vão fazer o público mergulhar na região amazônica.

“Culturalmente a gente é colocado muito com música regional, sendo que a música da Amazônia dita a cultura pop brasileira. A gente tem grandes nomes aí: Pabllo Vittar, que é do Maranhão, Joelma e Fafá do Pará, João Donato, que é do Acre, Fernando Takai, do Amapá. A música brasileira está repleta de gente na Amazônia. A gente só precisa reconhecer essa importância”, aponta Aíla.

Foto: divulgação 

Uma das atrações imperdíveis são as enormes projeções que vão do chão ao teto, trazendo a Amazônia em primeira pessoa sob a voz e ótica de artistas da região. Outra novidade será a presença da maior aparelhagem já construída por João do Som, criador das famosas aparelhagens Crocodilo, Tupinambá e reconhecido “arquiteto” que constrói as tradicionais esculturas famosas nas festas de tecnobrega do Pará.

A aparelhagem terá um formato simbólico, de um barco, típico dos rios amazônicos, porém estilizado pelo olhar de Seu João, e vai transformar a NAVE em uma grande festa pulsante, dançante, contemplando apresentações musicais e diversas atrações que retratam a multiplicidade sonora da Amazônia: o som que nasce nas periferias, a música pop contemporânea e a tradição dos povos originários. Encontros inéditos, pensados especialmente para o barco-aparelhagem.

Foto: divulgação 

Aíla conta que selecionou shows inéditos na programação. “O rap da Amazônia vai para ali representado por uma artista do Maranhão que a Pantera Black, o Victor Xamã do Amazonas e a Nic Dias do Pará.” Já nos vídeos 360º, entram outras atrações. “A gente a gente filmou as Suraras do Tapajós, que é um grupo de Alter do Chão, Santarém do Pará, que é o primeiro grupo de Carimbó de mulheres indígenas do mundo; tem a dona Domingas, que é uma mestra da cultura popular do Mato Grosso”.

Noites Amazônicas e Rio de Vozes

A partir deste mês de agosto, o público pode acompanhar, nas redes do Rock in Rio, quatro produções audiovisuais com objetivos, formatos e linguagens diferentes, de forma a extrapolar ainda mais a narrativa da NAVE sobre a cultura amazônica, além de apresentar ao público a riqueza e a pluralidade da arte amazônida em toda sua potência e aproximá-lo dessa Amazônia contemporânea, pop e plural que será retratada na atração.

O curta documental intitulado “Noites Amazônicas” vai revelar os segredos da vida noturna de cidades do Pará (PA), que são uma verdadeira ebulição cultural de festas, aparelhagens, gastronomia, ritmos locais e outras atrações, pelo olhar e perspectiva de quem vive na região.

A produção apresenta personagens icônicos da cena cultural e terá uma visão diferente desta região, revelando ao Brasil toda a potência das sub-culturas noturnas e urbanas amazônicas, do tecnobrega à cena LGBTQIA+, passando pelos slams de rap e influenciadores locais. A equipe acompanhou de perto o agito noturno da região ao lado de nomes como Keila Gentil, Leona Vingativa e Ca Brittu compondo o filme.

Outra franquia de conteúdo, a série “Rio de Vozes” conta com os quatro episódios e faz uma alusão a fluidez da correnteza de um rio, reunindo vozes amazônicas em vídeo-áudios temáticos. Artistas e anônimos potentes foram convidados a exporem ao mundo mensagens que querem passar sobre a região em que vivem. Em um espaço livre, puderam abrir seus corações e compartilhar seus pensamentos, ao longo de quatro episódios, os protagonistas da série destacaram elementos da forte cultura local.

Um dos marcantes trechos do “Rio de Vozes” está no primeiro episódio, que leva o título de “Segredos Amazônicos”. As vozes de Arthur Frederico e Marcos Maderito lembram que a Amazônia vai muito além de ser o maior bioma do país: “aqui, encontramos muitas Amazônias na Amazônia. A Amazônia não é só uma imensa mata, onde tem a fauna e a flora.”

Por Hypeness

By emprezaz

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