Soluções, projetos e inovações para o desenvolvimento sustentável na Amazônia são apresentados em Nova Iorque

Redação Planeta Amazônia

A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) apresentou uma série de inovações e projetos em prol da conservação ambiental e melhoria da qualidade de vida na região amazônica durante a 11ª edição da Conferência Internacional de Desenvolvimento Sustentável, que aconteceu de 18 a 20 de setembro, em Nova Iorque.

A conferência é um fórum que reúne representantes das ciências, de governos e da sociedade civil organizada para partilhar soluções práticas, que têm a intenção de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O evento aconteceu de forma híbrida, com sessões virtuais e espaços presenciais sediados na Universidade de Columbia, em Nova Iorque.

“A FAS participa do ICSD desde 2021, tendo esse ano um resultado muito especial. Pois, conseguimos apresentar quatro pôsteres/trabalhos e um artigo sobre os diferentes temas e impactos de nossos programas para as comunidades da Amazônia profunda”, ressalta a Coordenadora de Gestão do Conhecimento da FAS, Geórgia Franco.

Para ela, estar em espaços de discussões importantes como esse e ter a oportunidade de levar o conhecimento elaborado a partir dos projetos que beneficiam as populações tradicionais em Unidades de Conservação (UCs) da Amazônia, estimula a popularização da ciência ao divulgar as ações e projetos da FAS.

Os trabalhos da instituição apresentaram uma gama de atividades, que vão de atendimento em áreas remotas via sistema de telessaúde, iniciativas inovadoras em geração de energia em comunidades ribeirinhas e intercâmbios de educação que valorizam os saberes amazônicos. Os trabalhos apresentados no evento foram:

Incentivo ao esporte em populações indígenas

O trabalho “O papel do estado e da sociedade civil na fomentação do esporte na comunidade indígena Três Unidos no interior do Amazonas” abordou um projeto realizado pela FAS em parceria com associações esportivas e governos locais no fomento à prática de canoagem e arquearia para jovens indígenas. A pesquisa avaliou os efeitos do projeto nos atletas participantes da comunidade Três Unidos, localizada na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Negro.

“A análise dos resultados mostra que, os atletas participantes do projeto, foram beneficiados física e emocionalmente, e passaram a valorizar ainda mais sua cultura e cidadania, além de trazer maior visibilidade à sua comunidade”, declara o autor do estudo, Gabriel Braga. “Os resultados também mostram a introdução de novos talentos da comunidade na Canoagem Nacional, a qual os levou a participação em campeonatos realizados pela Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) e conquista de medalhas e prêmios. Através desse estudo, verificou-se que o fomento ao esporte é indispensável e de alta importância para a universalização do esporte como meio de lazer, na área educacional e de alto rendimento”.

Saúde na floresta

Já o trabalho “Programa Saúde na Floresta: uma estratégia de produção de saúde e bem-estar na Amazônia” relata a experiência de um programa desenvolvido pela FAS que promove ações de assistência à saúde em territórios remotos da região amazônica. O sistema de telessaúde, que proporciona o atendimento remoto em especialidades médicas, de enfermagem e psicologia em comunidades afastadas dos grandes centros, é um dos destaques da iniciativa.

Ações abrangem várias áreas que garantem cidadania aos moradores da Amazônia, como o atendimento à saúde/foto: Divulgação FAS

“Nesse contexto, é utilizado o Telessaúde como ferramenta para que 66 comunidades ribeirinhas tenham acesso a consultas remotas por meio de um ponto de conectividade de internet instalado pela FAS. Estas consultas são feitas por enfermeiros, médicos e psicólogos, o que tem permitido identificar condições de saúde física e mental diretamente relacionadas com a condição dos usuários moradores das comunidades”, destacam as autoras Melissa Michele Pereira e Silva; Mariana Dianese Alves de Moraes; Izi Caterini Paiva Alves Martinelli dos Santos; Danilo da Cruz Duarte; Mickela da Silva Souza e Francinete Rodrigues Lima. 

Energia solar, alternativa sustentável para comunidades ribeirinhas na Amazônia

O banner “Sempre Luz: geração de energia e transformação da realidade em comunidade ribeirinha na Amazônia” deu destaque a um projeto que implementou um sistema de energia solar em Santa Helena do Inglês, comunidade que fica às margens do Rio Negro. A iniciativa, uma parceria entre Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e a empresa Unicoba da Amazônia S.A, oferece uma opção sustentável de baixo custo, eficaz e adaptada à realidade de áreas ribeirinhas, distantes dos grandes centros urbanos da região.

Projetos também levam educação e viabilizam a chegada da tecnologia até às comunidades da região amazônica/foto: Divulgação FAS

O trabalho, escrito por Lucas Figueiredo, Geórgia Franco e Ana Laura Módolo, evidencia “a importância do desenvolvimento de modelos de negócios para soluções energéticas sustentáveis e inovadoras, principalmente capazes de atender regiões remotas da Amazônia, com possibilidade de transformar a realidade local que utiliza recurso de energia renovável, e não mais de combustíveis fósseis. Isso estimulou o acesso à comunicação e venda e armazenamento de produtos refrigerados”.

Conexões de saberes no coração da Amazônia

Programa da FAS com quase uma década em trocas de experiências educacionais, fortalecimento de capacidades e formação de líderes agentes de transformação da realidade, o Amazônia-Edu teve seus resultados apresentados com o banner “Amazônia-Edu: uma imersão de conhecimento e troca de saberes para formação de agentes de transformação no coração da Amazônia”.

Escrito por Ana Laura Módolo, Geórgia Franco e Lucas Figueiredo, o trabalho ressaltou como é indispensável fortalecer as oportunidades de educação, saúde, inovação e sensibilização para a conscientização ambiental. Diante disso, o programa acredita no potencial que a Amazônia tem em transformar as pessoas, as relações, as organizações e a qualidade de vida das populações tradicionais em seus territórios, a fim de fortalecer e construir vivências de forma coletiva, oportunizada pela expertise de cada participante conforme suas áreas de atuação, os saberes da Amazônia e os valores partilhados”.

Educação ribeirinha que valoriza os conhecimentos locais

Na 11ª Conferência Internacional de Desenvolvimento Sustentável, a FAS também apresentou um artigo que reúne e relata parte da experiência de 15 anos da organização com a promoção de uma educação ribeirinha de qualidade, que respeita e fortalece os saberes e realidades amazônicas.

Vários projetos realizadas pela Fundação Amazonas Sustentável foram apresentados durante a Conferência/foto: Divulgação

Intitulado “Materiais didáticos regionalizados como avanço para uma educação de qualidade em comunidades ribeirinhas na Amazônia Profunda”, o artigo retrata o processo de contribuição da FAS ao ensino inclusivo e relevante, através de métodos complementares que envolvem a elaboração e utilização de materiais didáticos inclusivos, que refletem as culturas da Amazônia. Ao todo, a Fundação Amazônia Sustentável já produziu e distribuiu mais de 180 publicações que divulgam e aprofundam o conhecimento sobre a sociobiodiversidade da região.

“Estruturar um modelo de educação que faça sentido para todos os povos tradicionais e originários da Amazônia é desafiador, porém, a divulgação para a sociedade é necessária, para enfatizar a qualidade e importância dos conhecimentos tradicionais, os quais viabilizam o empoderamento do sujeito em seu território, como protagonistas e guardiões da floresta em pé”, afirmam os autores do artigo, Enoque Ventura e Silvana Barbosa.

By emprezaz

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