Redação Planeta Amazônia
O Balé Folclórico do Amazonas (BFA) inicia no mês de maio uma turnê em quatro cidades da Amazônia Legal com o espetáculo “Dança do Sol”. A primeira cidade a receber o corpo artístico amazonense é Ji-Paraná, no interior de Rondônia, distante 378 km da capital Porto Velho. A indicação é livre e a duração do espetáculo é de 40 minutos.
A iniciativa integra a Mostra Sesc Amazônia das Artes e também vai levar a apresentação para as cidades de Palmas (TO), São Luís (MA) e Rio Branco (AC). Ao longo de sua carreira, a diretora do Balé Folclórico do Amazonas, Conceição Souza, participou da Mostra Sesc Amazônia com outra companhia de dança, o grupo Gedam. Estrear com o Balé Folclórico neste evento significa a realização de um antigo desejo.
“A Dança do Sol é um trabalho que fala da nossa movimentação enquanto caboclos e descendentes de indígenas. O projeto foi aprovado há alguns anos e, antes da pandemia, contava com mais de 20 bailarinos. Fizemos uma versão adaptada para apresentá-lo e não perdeu a sua qualidade nesse processo”, conta Conceição que também assina a coreografia do trabalho, que ainda este ano deve estrear na capital amazonense com formação completa.
Memória, Dança e Literatura
O espetáculo foi montado a partir de uma pesquisa histórica de obras do escritor amazonense Mário Ypiranga, que descreveu, na década de 30 do século passado, os costumes e tradições da etnia Arara, localizada no Estado do Pará. “A Dança do Sol começava de manhã e só acabava pela noite, quando o sol se punha. No espetáculo, pegamos desde a criação do mundo através da cosmologia indígena e passamos pelos rituais dos povos originários, como o trabalho feminino, o ritual de iniciação de homens e mulheres, a luta dos guerreiros, até finalizar com a Dança do Sol”, explica Conceição.
A artista aproveita para destacar que o espetáculo também ganha circulação através da captação de recursos via edital da Fundação Nacional das Artes (Funarte). “O objetivo é resgatar as danças folclóricas e falar do nosso povo, costumes, tradições, além de apresentar para o mundo o povo do Amazonas”, completa.
Ana Gabriela Segadilha integra desde o ano passado o Balé Folclórico do Amazonas. Foi aprovada na última seleção da companhia e é uma das dançarinas que estão em turnê. Para ela, se trata de uma conquista. “Uma artista nortista, circulando pelo Norte e Nordeste do Brasil, levando um trabalho que valoriza a nossa cultura. É um momento importantíssimo não só para mim como artista, mas para o BFA e para o cenário artístico do Norte e do Nordeste, pois estamos conectando nossos artistas e obras”, destacou a artista.
A preparação do Balé Folclórico do Amazonas contou com grades de aulas de segunda a sexta-feira, passando do balé clássico até o contemporâneo, além de ensaios e preparação com fisioterapeuta para evitar desgaste de articulações. “É uma boa oportunidade de apresentação porque depois vão ter os debates e vão ter muitas perguntas e o grupo foi preparado para responder a todas. Acredito que será uma nova forma de se observar o nosso balé folclórico. Não somos um grupo de dança folclórico, somos um balé, temos uma possibilidade maior de circulação e atividades na dança contemporânea e outras agregações”, pontua Conceição.