Redação Planeta Amazônia
O povo Yanomami vive uma crise humanitária sem precedentes, desse modo, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, disse nessa quinta-feira, 26, que “há forte indícios” da existência de repasse de recursos ao Ministério da Saúde destinado à compra de medicamentos para a comunidade indígena, mas que não chegaram às unidades de atendimento.
“É uma tragédia que nós estamos ainda longe de saber a dimensão”, afirmou Dias em entrevista à CNN Brasil. “Como que em um território protegido entram tantas pessoas que não são indígenas? Como que se desativou as unidades de saúde? Como que se desativou praticamente lá atrás as escolas? Como que não se deu o abastecimento de alimentação? Como que não se fez o cadastro para o Auxílio Brasil para essas famílias?”, indagou o ministro indignado.
“Ninguém chega àquele estágio de criança pele e osso da noite para o dia”, afirma Wellington Dias. Foto: Reprodução
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Os Yanomami sofrem com desassistência sanitária e enfrentam casos de desnutrição severa e malária. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou no sábado, 21, Boa Vista, em Roraima. Durante a viagem, anunciou medidas emergenciais para enfrentar a crise, como a criação do Comitê para Enfrentamento à Desassistência Sanitária Yanomami. No dia anterior, na sexta-feira, 20, o Ministério da Saúde já havia decretado emergência pública no território.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em visita a Boa Vista, no sábado, 21. Foto: Reprodução
De acordo com Dias, há várias frentes de investigação para descobrir como que chegou a esse ponto, a uma crise humanitária, que levou ao desabastecimento da comunidade. “Ninguém chega àquele estágio de criança pele e osso da noite para o dia. (…) Agora é a hora de dar as mãos, salvar vidas, mas a investigação prossegue”, explica o ministro.
“Se é preciso ter ali, inclusive dentro do território Yanomami, a presença de pelotões do Exército, capitanias dos portos, Polícia Federal. O que aconteceu? Desativou? Desativou de propósito? Foi um comando?”, questionou. “Por outro lado, esse desabastecimento foi por ordem de quem? Foi desvio?”, disse Dias.
O ministro coloca que assim que obtiverem provas concretas e condições de segurança, os culpados serão devidamente punidos, conforme a lei.
Dias também comentou a apuração do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre indícios de que o governo Jair Bolsonaro (PL) teria prestado informações falsas à Corte a respeito da situação dos indígenas. O desrespeito a decisões do Supremo também teria agravado a situação dos indígenas. “Lá atrás, chegavam denúncias, foram muitas que chegavam aos ministérios e a várias áreas do governo, mostrando que tinha uma situação ali que precisava de atendimento. É isso que o Supremo coloca. Algumas decisões foram tomadas no sentido de providências que não foram cumpridas e, por não serem cumpridas, foi se agravando”, disse.
