ILMD/Fiocruz completa 28 anos de atuação na Amazônia

Com a missão de contribuir para a melhoria das condições de vida e saúde das populações amazônicas, bem como o desenvolvimento científico e tecnológico regional, integrando a pesquisa, a educação e ações de saúde pública, o Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) completou, na sexta-feira (19), 28 anos de existência. 

Sediada em Manaus, a Fiocruz Amazônia conta com instituições parceiras que apoiam projetos de caráter multidisciplinar e interinstitucional. A instituição também gera conhecimentos essenciais para a criação de políticas públicas, que contribuam para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.

A data também coincide com o primeiro ano de gestão da pesquisadora Adele Schwartz Benzaken, que foi conduzida ao cargo de Diretora do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD / Fiocruz Amazônia) nesta mesma data, no ano passado. 

Neste primeiro ano à frente da instituição, a doutora em Saúde Pública registrou avanços importantes como na captação de recursos para pesquisa, desenvolvimentos de estratégias diante da Covid-19, Monkeypox e Malária, e atividades de ensino de pós-graduação. Uma das novidades de sua gestão é a criação inédita de um mestrado voltado a populações tradicionais do Amazonas. 

Adele Schwartz Benzaken é graduada em Medicina pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e doutora em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz). Atuou como Diretora Adjunta (2013-2016) e posteriormente Diretora do Departamento de IST/HIV-Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, de junho de 2016 a janeiro de 2019. Ela também foi Diretora da Fundação de Dermatologia Tropical e Venereologia Alfredo da Matta, em Manaus, no período 2007 a 2010. 

A Crítica: Dra. Adele, qual a importância da Amazônia no contexto das pesquisas científicas da Fiocruz? 

A Fiocruz Amazônia está estrategicamente localizada na cidade de Manaus e eu digo estrategicamente por que as várias unidades estão no eixo Sul e Sudeste, tendo apenas Manaus e Rondônia como as unidades do Norte do país. A Instituição cria com seus programas de pós-graduação uma massa crítica de pessoas para contribuir com ciência e tecnologia. Então o nosso papel estratégico é também de formação de profissionais na área da saúde que possam contribuir com a Amazônia, com o Amazonas, a cidade de Manaus e todos os municípios do Estado do Amazonas. 

A Crítica: Uma das novidades é a criação do primeiro mestrado voltado a populações indígenas. Como a oportunidade vai contribuir com a Amazônia? 

A nossa equipe já se deslocou para Tabatinga, nós já fizemos a seleção dos indígenas e esses indígenas vão cursar o mestrado com todo o apoio de instituição, com bolsas, passagens para Manaus, diárias, para que eles possam assistir os cursos. Eles também terão uma mentoria diferenciada, por que a grande barreira com a população indígena não é somente a língua, é de acesso a tecnologias também. Essa ação muito nos orgulha porque uma das metas da nossa gestão é tentar responder às demandas regionais, integrando cada vez mais aos diferentes contextos da Amazônia, aos diferentes municípios do Amazonas, e se fazendo presente nessa extensa área geográfica.

A Crítica: Esses últimos dois anos foram muitos desafiadores por conta da pandemia da Covid-19. Como a instituição de saúde colaborou nesse sentido?. 

Durante a pandemia da Covid-19, nós fizemos inúmeras capacitações para profissionais de saúde de todos os municípios do Amazonas. A nossa cobertura foi de 100% no que diz respeito a capacitar esses agentes para realizarem oximetria, teste de antígenos rápidos, entre outros. O nosso laboratório de virologia acabou virando referência não somente para o diagnóstico de Covid-19, mas principalmente para sequencialmente da Covid-19. Foram mais de oito mil sequenciamentos realizados e o número fica atrás somente de São Paulo. 

A Crítica: Malária e Monkeypox também têm uma atenção especial da Fiocruz Amazônia, certo?

Mais recentemente o laboratório de virologia foi um dos oito (laboratórios) credenciados pelo Ministério da Saúde para diagnóstico de monkeypox, e isso também mostra como é importante ter esse tipo de desenvolvimento na região Norte. Em relação a malária, nós temos principalmente estudos clínicos com novos medicamentos e com mosquitos, nós temos um grande projeto incorporado também pelo Ministério da Saúde de combate à dengue com material simples que pode ser utilizado nas casas para evitar o alastramento da infecção da dengue.

A Crítica: A senhora tem uma trajetória de vida profissional diretamente ligada ao HIV/Aids. Quais contribuições estão em desenvolvimento nessa área?.

Nós também fazemos parte do grupo condutor da Secretaria de Estado de Saúde no sentido de reestruturar o programa estadual de HIV/Aids, IST, Hepatites Virais e Tuberculose. E é preciso que esses programas tenham total integração para que se possa ter um resultado não só impactando na redução da tuberculose, mas também na detecção de pessoas vivendo com HIV, colocando essas pessoas em tratamento por que sabemos que uma pessoa em tratamento, ela não transmite o vírus. 

A Crítica: Dra. Adele, pensando na integração de pesquisadores das unidades do Amazonas e de Rondônia, a Fiocruz também lançou um programa importante chamado Inovação Amazônia, certo?. 

Eu acredito que as nossas pesquisas têm que ser voltadas sempre para as necessidades regionais, por isso que nós criamos o inovação Amazônia que é um programa junto com a Fundação de Amparo a Pesquisa de Rondônia com a nossa Fapeam. Esse edital de pesquisa em saúde está financiando vinte projetos voltados exclusivamente para o estado de Rondônia e Amazonas em parceria com outras instituições de pesquisas locais. O financiamento do Inovação Amazônia tem o total de R$ 5 milhões.

A Crítica: O que a senhora diria para a sociedade que conta com uma instituição tão importante para a pesquisa e saúde da Amazônia, a qual completa seus 28 anos de criação?. 

Nós temos várias dificuldades. Nós precisamos urgentemente de concursos para termos os nossos recursos humanos de pesquisadores ampliados porque várias pessoas se aposentaram ou foram para outras unidades da Fiocruz. É uma área que precisa desse olhar cuidadoso no que diz respeito a concursos públicos para que se possa ter uma Fiocruz Amazônia mais forte, mais robusta e produzindo muito mais. Essa é a maior necessidade que nós temos. E a Fiocruz não é feita pelo diretor, é feita pelos colaboradores, seja de pesquisadores, administrativa e de educação, os quais eu quero parabenizar pelos 28 anos da Instituição.

Por A Crítica 

By emprezaz

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