Para quem vive com a vista para o rio, rodeada de floresta, não é todo dia que você pega uma câmera fotográfica para fazer vídeos da rotina da lida no roçado, na casa de farinha preparando aquela mandioca para em fim virar a farinha que conhecemos.
Técnicas fotográficas aplicadas no roçado de macaxeira. Foto: SOS Amazônia
Para Vitória da Cruz dos Santos, de 16 anos, moradora da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá, em Jordão – Acre, a oficina foi um momento de muito aprendizado e descobertas. Afinal, a jovem pode ter seu primeiro contato com uma câmera fotográfica. “Eu nunca tinha mexido em uma câmera, já tinha visto umas pequenas, mas só tirava foto, por isso eu gostei mais da função de gravar porque não tinha visto ainda”, disse Vitoria.
Assim como Vitória, dona Dulcevania Mesquita Ferraz também moradora da Reserva, se diz emocionada por poder participar da capacitação de conteúdo audiovisual. “Eu senti uma emoção dentro de mim quando peguei a câmera pela primeira vez”. Além de Dulcevania, todas as filhas dela e até mãe participaram da oficina de audiovisual.
A oficina realizada na Comunidade Jaminawa, que fica na Reserva Extrativista Alto Tarauacá, é uma ação do projeto Aliança pelas Florestas do Acre, realizado em parceria com a Comissão Pró-Índio do Acre, o Instituto Catitu e a ONG SOS Amazônia. A ideia é empoderar às mulheres, despertando nelas um sentimento de pertencimento sobre o território através da arte cinematográfica.
Oficina de audiovisual capacitou 9 mulheres no interior do Acre. Foto: SOS Amazônia
A ação durou cinco dias, capacitando cerca de nove mulheres, entre 15 e 60 anos, para criação de conteúdo. Foram dadas orientações técnicas para o uso de câmeras e equipamentos de filmagem e apresentado uma linha do tempo sobre feminismo e direito das mulheres.
O conteúdo foi ministrado pela consultora Maria Emília Coelho, representante do Instituto Catitu, que explicou que a capacitação audiovisual foi muito gratificante, porque foi mais que uma oficina “na verdade foi um intercâmbio de conhecimento entre mulheres, um conhecimento tradicional das mulheres extrativistas, e a gente como instrutora da oficina levando ferramentas do audiovisual para fortalecer voz dessas mulheres, o trabalho, a luta dessas mulheres que vivem e são parte da floresta, é muito gratificante pela sua importância, de ecoar essa voz feminina que existe dentro das florestas, das comunidades”, disse Maria.
A primeira oficina de audiovisual realizada na zona rural de Jordão foi conduzida pela equipe técnica da SOS Amazônia (Lair Nascimento, Hellen Freitas e Marbelita Puyanawa) e a consultora Maria Emília.