Redação Planeta Amazônia
A criação do Parque Estadual Ambiental das Árvores Gigantes da Amazônia foi anunciada via decreto publicado no Diário Oficial do Estado (DOE), na última segunda-feira (30). A nova Unidade de Conservação (UC) está localizada no município de Almeirim, na região oeste do Pará, e visa preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológica, além de promover pesquisas científicas e incentivar atividades de educação ambiental e turismo ecológico.
Com uma área de aproximadamente 560 mil hectares, o Parque Estadual das Árvores Gigantes deriva de uma porção da Floresta Estadual (Flota) do Paru, que foi recategorizada com objetivo de proteção integral.
A iniciativa de conservação é liderada pelo Governo do Pará, por meio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) e conta com a parceria do Instituto Federal do Amapá (IFAP), Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e financiamento do Andes Amazon Fund (AAF).
O principal destaque desta área é a presença de árvores gigantes, incluindo um exemplar de angelim-vermelho (Dinizia excelsa) com 88,5 metros de altura, registrado como a maior árvore do Brasil e da América Latina, e uma das dez maiores do mundo. A Unidade de Conservação foi estabelecida com o propósito de proteger essas espécies e preservar populações de flora e fauna ameaçadas de extinção, além de espécies raras e endêmicas que habitam a região.
Marco
“O Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia é um marco na preservação da nossa biodiversidade, garantindo que espécies únicas e de grande relevância ecológica continuem existindo para as futuras gerações”, afirmou o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto. Segundo ele, a iniciativa é um passo fundamental para o fortalecimento da proteção ambiental no Pará, associando a conservação à geração de conhecimento científico.
Para o superintendente de Inovação e Desenvolvimento Institucional da FAS, Victor Salviati, “é com grande prazer que a Fundação Amazônia Sustentável, juntamente com Ideflor-Bio e Andes Amazon Fund, integra a iniciativa do Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia. Esse Parque tem uma importância muito grande, não só para o estado do Pará, mas também para toda a Amazônia, porque ele vai proteger ainda mais um santuário de árvores gigantescas. Acreditamos que esse parque vai trazer não só a proteção do meio ambiente para essa região, mas principalmente desenvolver uma atividade turística baseada em ciência e conservação. Ou seja, essas atividades a serem permitidas nesse novo desenho de área protegida vão trazer ganhos sociais, econômicos e ambientais para o território”, frisou.
Para Enrique Ortiz, Diretor Sênior de Programas do Andes Amazon Fund, “o Parque Estadual das Árvores Gigantes é um passo importante para a proteção das florestas, da biodiversidade e de suas funções climáticas. Ao criar essa área protegida, o estado do Pará está preparando o caminho para sediar o evento climático mais importante do mundo, a COP 30. Com essa nova área protegida, o estado dá um forte sinal de sua liderança e de seus compromissos ambientais.”
O diretor de Gestão da Biodiversidade do Ideflor-Bio, Crisomar Lobato, destacou a importância da nova UC para o desenvolvimento do turismo sustentável e da pesquisa científica. “A criação do Parque oferece oportunidades para estudos aprofundados sobre as espécies que habitam a região e para a implementação de projetos de turismo ecológico que respeitem o meio ambiente e gerem renda para as comunidades locais”, enfatizou.
Regramentos
A zona de amortecimento do Parque terá um papel importante na proteção da biodiversidade e na compatibilização das atividades das populações tradicionais que vivem no entorno. A coleta de produtos como castanha-do-pará e camu-camu, bem como a pesca esportiva nos ecossistemas aquáticos, serão permitidas, respeitando a legislação vigente e as regras estabelecidas pelo futuro Plano de Gestão do Parque.
As atividades desenvolvidas pelas comunidades tradicionais e povos indígenas que habitam a região, como o acesso ao rio Jari, não sofrerão restrições, de acordo com o decreto. As ações e o modo de vida dessas populações serão respeitados, desde que em harmonia com os objetivos de preservação da UC.
O Conselho Consultivo do Parque, que será criado e gerido pelo Ideflor-Bio, terá como uma de suas funções a regulação das atividades já consolidadas na área, como a coleta de castanhas-do-pará, assegurando que essas práticas sejam mantidas de forma sustentável. O comitê também terá a missão de acompanhar o desenvolvimento das atividades de conservação e uso sustentável dos recursos naturais.
A criação do Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia também contribuirá para a proteção de áreas contíguas, tanto estaduais quanto federais, fortalecendo a rede de áreas protegidas na região. Com a preservação de uma rica biodiversidade, a nova UC se tornará um importante ponto de referência para a conservação na Amazônia.
Parceria
Vale destacar, ainda, que para a criação da nova área protegida, diferentes parceiros contribuíram de forma direta para esse feito. Um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), apoiado financeiramente pelo Andes Amazon Fund (AAF), tem viabilizado a criação, recategorização e implementação de novas UCs, fortalecendo a gestão ambiental no estado, como no caso do Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia.
Em maio deste ano, uma equipe multidisciplinar de pesquisadores e técnicos do Ideflor-Bio, FAS e do Instituto Federal do Amapá (IFAP) percorreu rios e trilhas da então Flota do Paru, para aprofundar análises físicas e biológicas na região, o que levou à descoberta de um novo santuário de árvores gigantes. Esse levantamento forneceu subsídios para transformar parte da antiga UC de Uso Sustentável em uma nova área de Proteção Integral.