‘Trabalhar com ciência é muito difícil, ainda mais para as mães’: mulheres ainda lutam por espaço na pesquisa científica

Redação Planeta Amazônia

“Trabalhar com ciência atualmente é muito mais difícil para uma mulher, ainda mais para as que são mães”. O relato é da bióloga Elane Cunha, de 36 anos, que atua no Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa). Um desafio que se repete para milhares de profissionais que atuam na área da ciência.

No Amapá, as mulheres são maioria, representam cerca de 50,3% da população, aponta o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesta sexta-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Governo do Estado homenageia a presença feminina no campo da pesquisa. 

Com doutorado em biodiversidade pela Universidade do Porto, em Portugal, e há mais de 15 anos se dedicando às pesquisas sobre a natureza, Elane teve dificuldades para equilibrar a maternidade e a carreira, e muitas vezes sentiu o julgamento e a pressão pela produtividade, para compensar o tempo dedicado à família.

“Você ganha licença maternidade, dá uma pausa na carreira acadêmica e, quando volta, as pessoas agem como se tivéssemos perdido a capacidade de trabalhar. Querem cobrar uma produção ainda maior. Porém, apesar de tudo isso, somos fortes e conseguimos, com dificuldade, lidar com a alta carga”, ressaltou a cientista.

A bióloga Elane Cunha, 36 anos, relata os desafios da profissão na homenagem do Governo do Amapá no Dia Internacional da Mulher/foto: Israel Cardoso_GEA e Arquivo pessoal

Os desafios na área começam na infância, quando os meninos recebem computadores, enquanto as meninas ganham outros tipos de brinquedos, como bonecas. Mas para Elane, o sonho de se tornar uma cientista começou desde pequena, quando mesmo sem entender, tinha uma enorme curiosidade por plantas e florestas.

“Acho que desde pequena eu era bióloga, só não sabia. Eu amava ver programas de televisão que falavam da Amazônia, das plantas e florestas. Era meu momento de diversão. Eu sempre questionava em mim mesma o porquê de não ter um tio, uma irmã, ou conhecido que fosse cientista, como se não fosse algo comum. Como eu amava matemática, pensava que essa jamais fosse a minha área”, contou a pesquisadora.

O Governo do Amapá investe em políticas afirmativas com oportunidades para que a ciência tenha nomes femininos para inspirar jovens estudantes a optarem pela carreira.

O Governo do Amapá investe em políticas afirmativas com oportunidades para que a ciência tenha nomes femininos para inspirar jovens estudantes a optarem pela carreira/foto:Israel Cardoso_GEA e Arquivo pessoal

No Iepa, Elane é coordenadora de estudos sobre o saneamento ambiental e algas marinhas no Rio Amazonas, que revelou a presença de toxinas, o que pode ajudar na modernização do tratamento da água. Caminhando entre as árvores do instituto, um dos seus espaços preferidos, a bióloga não esconde o orgulho da profissão.

“Eu olho para o futuro com mais esperança, principalmente no potencial das mulheres na ciência. Cada vez mais somos valorizadas pelas nossas contribuições e isso é muito importante para a representatividade. Queremos ver mais mulheres ocupando esse espaço de destaque, onde todas terão oportunidades para mostrar seu potencial”, pontuou a bióloga.

Dia Internacional da Mulher

A data teve origem no movimento operário de 1908, quando 15 mil mulheres marcharam pela cidade de Nova York, nos Estados Unidos, exigindo a redução das jornadas de trabalho, salários melhores e direito ao voto.

Um ano depois do ato, o Partido Socialista da América declarou o primeiro Dia Nacional das Mulheres, se tornando um evento anual reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A data foi celebrada pela primeira vez em 1911, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça. E seu centenário foi comemorado em 2011.

By emprezaz

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